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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

MEU PÉ DE LARANJA LIMA DOS SONHOS
        
O amigo imaginário do teólogo

Introdução

            As aventuras e desventuras da imaginação de um teólogo, que cresceu ás voltas com seu amigo imaginário, Jesus Cristo, seu Reino fantástico e os dissabores da dura realidade.

Era uma vez...

         Um mundo duro, cheio de contradições, onde o labor teológico se faz cada mais necessário, mas é rechaçado pelos mais incautos, uma vez que propõe mudanças nos paradigmas e estereótipos vigentes nas comunidades de fé.
            Quanto mais o aprofundamento acontece, mais ele é estranho, pois propõe mudanças, assim como o nosso herói, Zezé, que ao cantar ao seu pai:

                        ““. “Se for pacu pequeno, é minhoca, se for pacu grande, mandioca...”.  

            Na inocência de nosso herói, ele canta uma musica de duplo sentido ao seu pai, e o resultado é o mesmo de sempre, surra.
            Assim como o garoto, na ânsia de agradar ao pai, não viu a maldade na musica, pois como toda paródia de duplo sentido, tem sempre um sentido literal, que na verdade esconde o sentido sujo, a teologia hoje também leva surra quando entoa frases, escreve textos, pregações, em que mostra um sentido mais profundo a textos onde o senso comum já julga esgotado de sentido.
            Nem passa pela cabeça popular se o tal Zezé teria ou não razão, o fato é que ele escolheu algo que ofendeu a seu pai, ou seja, a comunidade, imaculada, santa, que foi tripudiada, pois quer ouvir aquilo que sempre ouviu, algo diferente é perigoso aos bons costumes, pode parecer ecumenismo (nem sabemos o que é direito, mas aquele pregador antigo disse que é pecado).
            Longe de mim defender as invencionices de hoje em dia, onde tudo é relativo, até mesmo a fé, Cristo, salvação, céu/inferno e até a morte, mas o medo ofusca a busca pelo saber. Ser ortodoxo é diferente de ser reacionário intransigente. 1 Timóteo 4, 9 a 16.
            A ortodoxia nos leva cada vez mais próximos aos valores morais iniciais de nossas instituições, as intenções de nossos fundadores, e principalmente do modelo Bíblico, masdoo que vemos hoje ( e através dos tempos), é uma busca incessante, uma caça às bruxas ao novo, tentando trazer o passado a qualquer custo, afastando cada vez mais os catecúmenos de nossas igrejas, temos hoje muitos  membros que foram de outras igrejas e/ou denominações, mas são cada vez mais raras as genuínas conversões.
            Mas nosso herói que no inicio tinha um senhor como alvo, e até como inimigo, de repente, nutre uma forte amizade com seu amigo mais velho, de uma geração muito diferente da dele, o Portuga, apelidado carinhosamente por toda a comunidade, que mostra um universo rico ao nosso pobre Zezé.
            Curiosamente entrei na faculdade, cheio de fé e convicções, até ser apresentado ao meu Portuga, a História da Teologia, seus livros, personagens, que tive de degustar usando a regrinha básica do Portuga: coma devagar, a sopinha...
            A fidelidade de Zezé, aos ensinamentos do Portuga, me fez refletir: Será que estou sendo fiel aos meus mentores, cumprindo a promessa que fiz, assim como aquele menino que ganhou a caneta, eu ganhei a teologia, que nada mais que é do que a vida, a fé e os desafios de relacionar o sagrado com o cotidiano, e a esperança, montado no cavalo branco, nos galhos do meu pé de laranja lima.
            Engraçado como em tantas vezes me vejo ouvindo a voz de Calvino me censurando ao criticar sua predestinação, ou Karl Barth enfurecido por esquecido de mencionar seu nome nas tão falada “Teologia da Crise”, e vejo graça ao ver nosso herói falar com o pé de laranja lima e dar vida ao seu amigo, às vezes brigando, como em toda boa amizade sincera e duradoura. A teologia muita vezes me convidou a cavalgar por suas paginas, mas minhas lagrimas teimavam em não me deixar, pois estava magoado, havia apanhado tanto, que minha imaginação simplesmente se escondia, diante das cicatrizes.
            Até cheguei a me perguntar: “Será que ninguém gosta de mim?”, “ou “então:” vou me jogar debaixo do trem, e fica tudo resolvido, ninguém vai sentir a minha falta”.
            Essa dicotomia fervia em minha cabeça, pois mesmo sabendo da minha real situação, eu sempre fui feliz com minhas ideias, minha imaginação cria ambientes onde a anarquia cristã poderia implantada, ou pelo menos tentada, a verdadeira noção de liderança bíblica poderia ser realizada, e me dou conta que ainda ninguém o fez coma cara do Brasil, temos ensaios maravilhosos de anarquistas brasileiros, mas com uma cara europeia muito longe dos problemas e da realidade sincrética de uma país multiforme e multi fé.
            E quando essa imagem do Brasil me vem à mente, vejo a figura do Luiz, irmão mais novo do Zezé, que o segue em tudo o que faz ou diz, que tremenda responsabilidade, as novas gerações estão de olho em mim, em nós, na teologia, ainda não apanharam das suas comunidades, pois ainda não tem ideias próprias, mas bebe das palavras que saem de nossas bocas e dedos.

Zoológico Imaginário

            Ia me esquecendo de algo de fundamental importância para a historia da fé no Brasil, o campo mais fértil para o sagrado, o ponto alto deste país, que elegeu Deus para ser o soberano moral, ético e espiritual de nosso povo, mas não consegue conviver com a diversidade.
            Nosso herói tem um refugio que considera sagrado, seu zoológico imaginário, lá ele vê leões, ursos e toda a espécie de animais, convivendo em harmonia, num sonho lindo, onde na cabeça deste pobre teólogo, Candomblé, Kardecismo e Cristianismo sentam á mesa para um dialogo franco, onde cada uma mostra sua contribuição para a propagação da igualdade, mas esse lugar é protegido por uma ponte chamada “ Ecumenismo”, eu fica acima de um rio, muito caudaloso chamado “preconceito”, e todo aquele que não respeitar a ponte, é levado pela correnteza do rio para o mar da estagnação e seus afluentes, intolerância, fanatismo e outros tantos.
           

Considerações Finais

            Na verdade nem sei se são finais, ou iniciais, ou simplesmente as do momento, uma coisa eu sei, ao ver este filme, minha cabeça não me deixou mais em paz, ficava martelando para escrever sobre a saga de Zezé, que tanto retrata a minha saga como teólogo, e a de tantos outros, que levado pelas circunstancias da vida, acabou debaixo de um pé de laranja lima, falando sozinho, e/ou imaginando sua vida e sua fé na luta pela propagação do reino, e a implantação de uma anarquia cristã genuinamente brasuka e misturada, sincrética, miscigenada e principalmente sincera.·.
           


                   

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